quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O verdadeiro final da Odisseia Pós-Moderno


A mitologia grega é profícua em histórias do quotidiano. É a Odisseia, de Homero, que nos relata as aventuras maravilhosas de Ulisses (ou Odisseu), herói da guerra de Tróia que tarda no regresso à Ilha de Ítaca e à sua mulher Penélope. Como esposa de um rei desaparecido, Penélope é cobiçada por inúmeros pretendentes, que pretendem ascender à governação da Ilha. Mas Penélope espera pelo seu amado durante vinte anos e para protelar a decisão de o esquecer, compromete-se a tecer uma colcha. No final do labor, escolheria e casaria com um dos seus múltiplos pretendentes. Mas Penélope desfaz de noite, sozinha, o trabalho que elabora durante o dia, à vista de todos. Descoberto o estratagema - e pressionada pelo Pai - promete desposar o homem que consiga atirar com o arco feito pelo esposo longamente desaparecido. Ao fim de mais de 20 anos, é Ulisses regressado das aventuras descritas na Odisseia que consegue domar o arco e recuperar a família.


Agora propomos-te uma outra leitura da história de Penélope, escrita por uma blogger portuguesa, que se identifica como Sherazade:

Um dia até Penélope se cansa de coser meias

Paciência, esperança, espera, dúvida, certeza, todas Penélope, feminino. E entretanto a Circe desvairada, entretanto uma sereiazinha para desenjoar, e a pobre Penélope à espera e a tecer um tapete ainda por cima, a desmanchá-lo ainda por cima, e a rejeitar pretendentes ainda por cima. A minha estima à pobre Penélope. E (...) Ulisses? Terá voltado pela Penélope ou pelo Telémaco? Ou simplesmente porque não tinha para onde voltar? Não se sabe bem. Mas de certeza que a palerma tinha uma canjinha quente à espera, se calhar toda aperaltada para o receber vinte e tantos anos depois.
Mas e depois? E depois da espera, e depois de ele chegar de verdade a Ìtaca, e depois de uns dias a ouvi-lo ressonar e contar cento e vinte vezes a Odisseia, e dizer que a Circe era boa como o milho? E depois? Depois se calhar a Penélope cansou-se de lhe coser os peúgos e foi fazer sereiices a um outro marinheiro desviado, só para variar...


Nenhum comentário: